Balneário Rincão tem os primeiros registros históricos documentados
A história de Balneário Rincão está registrada nas ruas de pedra, nas entrelinhas das experiências contadas por pescadores e artesãos, nas festas, paisagens e, principalmente, nas memórias. Foram essas recordações, contadas por mais de 60 moradores do município, que deram origem ao Inventário de Patrimônio Material e Imaterial, lançado na tarde desta quinta-feira na sede do Museu Arqueológico.
O material com quase 400 páginas levantou a história do município, baseada nos lugares, objetos, celebrações, formas de expressões e saberes da população. Ele ficará disponível no museu para pesquisas e será trabalhado nas escolas. O trabalho foi realizado por meio do edital Elizabete Anderle de incentivo a cultura, do Governo do Estado, com participação da Administração Municipal de Balneário Rincão.
Além das experiências, o inventário traz um pouco de cada comunidade do município. Um dos pontos abordados é a Igreja de São Jorge, na Lagoa dos Esteves. “Fiquei 16 anos na direção da igreja. Começou com os meus avós. Para mim, foi um prazer contribuir com o documento histórico do município e saber que ajudei a construir essa história”, disse um dos entrevistados, o aposentado Laudelino Antônio da Silva.
O trabalho foi realizado pela equipe de historiadoras Luana Mendes e Elizangela Machieski, sob coordenação do então diretor de cultura Reginaldo Vargas. O projeto foi nomeado de “A Mesma Paisagem, Novos Olhares” e levou dois anos para ser concluído. “O resultado é maior do que um mero registro do nosso patrimônio cultural, mas uma fonte de inspiração, estímulo à pesquisa e principalmente um meio de fortalecer e valorizar a identidade cultural do nosso povo”, resumiu uma das historiadoras, Luana Mendes, sobre o trabalho.
Das entrevistas realizadas, cinco foram coletivas, através da realização do Café com Mistura, uma roda de conversas com clubes de mães e terceira idade que eram realizadas na sede do museu. “Foi um trabalho feito por inúmeras mãos. Nosso principal material foram as pessoas e todas as histórias que rechearam esse trabalho”, disse Elizangela, sobre o levantamento.
Também esteve no lançamento a escritora Elza de Mello, que fez um estudo sobre a história do município em janeiro de 97. “Um inventário vai além dos que nos mostra os objetos. Muito importante que uma administração entenda a necessidade desses bens materiais que, embora não seja uma obra física, será sempre algo que vai repassar conhecimento para a população”, disse Elza.